Depois de incêndio, Museu da PUC Minas ficará fechado por seis meses

Peritos constatam que curto-circuito causou fogo em prédio da PUC Minas, mas maior parte do rico acervo, incluindo coleções de fósseis e 70 mil peças de paleontologia, está preservada

Algumas réplicas de animais pré-históricos ficaram danificadas, mas o maior prejuízo foi a destruição da caverna de Peter Lund (Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Algumas réplicas de animais pré-históricos ficaram danificadas, mas o maior prejuízo foi a destruição da caverna de Peter Lund


Pelo menos até o segundo semestre estudantes e turistas ficarão sem acesso a um dos mais importantes acervos paleontólogicos da América Latina. Depois de cinco horas de trabalho, peritos da Polícia Civil constataram que o incêndio na tarde de terça-feira no Museu de Ciências Naturais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) foi causado por um curto-circuito no topo da caverna de origem calcária, instalada no andar que homenageia o paleontólogo dinamarquês Peter Lund. 

Segundo o coordenador do museu, Bonifácio Teixeira, o fogo teria começado em um momento de transição da iluminação, que é mais intensa nos horários de visitação. “Fazemos vistorias sistematicamente e todos os itens de segurança são testados com frequência. O que pode ter havido é um desgaste e aquecimento dos cabos para gerar esse curto-circuito.”

O tempo para reabertura do museu e o prejuízo material do incêndio ainda não podem ser calculados. Entretanto, já se sabe que a maior riqueza do espaço está intacta: as nove coleções de fósseis, inclusive as 70 mil peças de paleontologia, que compõem o maior acervo do continente.
Funcionários e estagiários do museu passaram a tarde de ontem na porta do museu esperando para descobrir os danos reais do incêndio. Apesar de o fogo ter atingido somente o segundo andar, os três andares estavam repletos de sujeira. No primeiro andar, o maior dinossauro brasileiro já encontrado, o Uberatitan, estava de cabeça baixa ontem. O calor das chamas que atingiram parte do segundo andar fez com que alguns cabos de aço que sustentavam o animal se soltassem. 

O coordenador do museu se manifestou um pouco aliviado pela coleção científica ter sido poupada. Para ele, o maior prejuízo será ter o local fechado neste semestre. “Recebíamos, por dia, de 300 a 400 visitantes. O material é recuperável, mas deixar de proporcionar essa experiência é nosso maior prejuízo”, lamenta.

Com voz embargada, Bonifácio Teixeira explicava com paciência a importância para a pesquisa, a história e a ciência de encontrar esse material preservado. Segundo ele, os laboratórios de mastozoologia (mamíferos) e a reserva técnica do museu, com réplicas feitas sob encomenda e distribuídas para museus do mundo todo, também não sofreram abalos. Apesar da energia cortada, a câmara fria onde o gorila Idi Amin está sendo empalhado foi mantida em pleno funcionamento por geradores. 

CENÁRIOS DESTRUÍDOS As escadas e piso ficaram cobertas por fuligem e gesso caído do teto. Todos os cenários foram destruídos, mas muitas réplicas foram protegidas por vitrines de vidro. Nesses e em outros casos, o trabalho maior dos funcionários será de remover os resíduos de fumaça. “A parte mais rica, de valor inestimável, não foi atingida. Essas são peças do acervo da União, tombadas, que não fica numa sala aberta à visitação. É um espaço reservado para pesquisadores e somos referência porque recebemos cientistas do mundo todo”, diz Bonifácio. “Pensávamos que não tinha sobrado nenhuma réplica. Perdemos cenários e réplicas, que são facilmente reconstruídas porque são feitas no museu. Os cenários vão depender de arquitetos e museólogos para refazê-los. Também teremos um prejuízo alto com a requalificação da rede elétrica, pisos, pinturas, mas as principais peças estavam em vitrines e não foram danificadas”. 

Curador da coleção de paleontologia, Castor Cartelle estava emocionado: “Este museu não é só da PUC. é da cidade e do Brasil. Vai levar tempo e paciência para reconstruir isto tudo, mas quando vi ontem este lugar cheio de crianças, penso que não aconteceu nada”, desabafou. Se depender do auxiliar de museografia Reginaldo Gomes, o trabalho recomeça amanhã. Ele trabalha produzindo moldes e réplicas com resina e cobalto, entre outros materiais, que levam entre três a seis meses.

PEÇAS DANIFICADAS
– Tatu-gigante (pampatherium) – Réplica montada com pequenos fósseis de cerca de 8 mil anos: peças descolaram.
– Preguiça-gigante – Cabos de aço que mantinham a réplica suspensa se romperam e a estrutura caiu, ficando danificada. 
– Cenário da caverna de origem calcária, na exposição de Peter Lund – Ocupa dois salões interligados e foi completamente destruído pelo fogo. 
– Tela a óleo Pleistoceno – Só o sistema de projeção desse cenário foi atingido. 
– Fóssil de uma cotia – Peça tinha cerca de 2 mil anos e ficava em uma estrutura de vidro acoplada à caverna. Pode ter sido danificada.
– Escritório de Peter Lund – A vidraça que protegia as peças caiu intacta. objetos usados pelo paleontólogo dinamarquês foram preservados. 
– Uberabatitan – Cabos que seguravam a réplica do maior dinossauro brasileiro se soltaram e a cabeça dele caiu.
– Carnotauro – A réplica da espécie bípede também ficou com a cabeça baixa.

ACERVO SALVO
– Oito coleções de fósseis, inclusive as 200 gavetas da Paleontologia, com 70 mil peças. 
– Laboratórios de mastozoologia (mamíferos).
– Reserva técnica .
– Câmara fria ao lado do prédio, onde o gorila Idi Amin está sendo empalhado.
– Peças que estavam em vitrines.
– Exposição do Cerrado.
– Exposição de aves.

TRÊS PERGUNTAS PARA...
BONIFÁCIO TEIXEIRA, coordenador do museu

Como foi o seu  contato com o museu, após o incêndio?
Entrei logo depois do rescaldo dos bombeiros. Numa visão rápida, percebi algumas costelas dos dinossauros fora do lugar. Foi desesperador ver tudo aquilo assim e imaginávamos que todas as réplicas tinham sido destruídas.

Qual parte do museu foi mais afetada?
A área mais atingida foi o segundo andar, na exposição de Peter Lund e parte da Era Pleistoceno. Mas na paleontologia, que considero a mais rica do museu, nada foi atingido. Temos o esqueleto completo de um macaco e um novo animal está sendo descrito. Isso é riqueza sem tamanho.

Qual é a expectativa agora?
A pintura do Pleistoceno, com 12m x 6m, não foi atingida. No gabinete de Peter Lund, o mais incrível é que o vidro de proteção caiu, mas não estilhaçou e nenhum objeto foi danificado. Vamos acionar os parceiros e tentar reconstruir o museu o mais rápido possível. 
Fonte: Jornal Estado de Minas

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